quarta-feira, 18 de maio de 2011

Textos com descritores do SAEB

Leite
Vocês que têm mais de 15 anos, se lembram quando a gente comprava leite
em garrafa, na leiteria da esquina? (...) Mas vocês não se lembram de nada, pô! Vai ver nem sabem o que é vaca. Nem o que é leite. Estou falando isso porque agora mesmo peguei um pacote de leite − leite em pacote, imagina, Tereza! − na porta dos fundos e estava escrito que é pasterizado ou pasteurizado, sei lá, tem vitamina, é garantido pela embromatologia, foi enriquecido e o escambau.
Será que isso é mesmo leite? No dicionário diz que leite é outra coisa: "líquido
    Esse aqui examinando bem, é só pra botar fora. Tem chumbo, tem benzina, tem mais água do que leite, tem serragem, sou capaz de jurar que nem vaca tem por trás desse negócio.
Depois o pessoal ainda acha estranho que os meninos não gostem de leite.
branco, contendo água, proteína, açúcar e sais minerais". Um alimento pra ninguém botar defeito. O ser humano o usa há mais de 5.000 mil anos. É o único alimento só alimento. A carne serve pro animal andar, a fruta serve para fazer outra fruta, o ovo serve pra fazer outra galinha (...) O leite é só leite. Ou toma ou bota fora. Mas, como não gostam? Não gostam como? Nunca tomaram! Múúúúúúú!
Millôr Fernandes. O Estado de São Paulo. 22/08/1999.
Ao criar a palavra "embromatologia" (ℓ. 6), o autor pretendeu ser
(A) conciso.
(B) sério.
(C) formal.
(D) cordial.
(E) irônico.

Você não entende nada

Quando eu chego em casa nada me consola
Você está sempre aflita
Com lágrimas nos olhos de cortar cebola
Você é tão bonita
Você traz coca-cola
Eu tomo
Você bota a mesa
Eu como eu como eu como eu como eu como
Você
Não tá entendendo quase nada do que eu digo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
E quero que você venha comigo
Eu me sento
Eu fumo
Eu como
Eu não agüento
Você está tão curtida
Eu quero é tocar fogo nesse apartamento
Você não acredita
Traz meu café com suíta
Eu tomo
Bota a sobremesa
Eu como eu como eu como eu como eu como
Você
Correr perigo
Eu quero é ir-me embora
Eu quero dar o fora
Tem que saber que eu quero é correr mundo
E quero que você venha comigo.
(VELOSO, Caetano. Literatura Comentada: Você Não Entende Nada. 2 Ed. Nova Cultura. 1998)
A repetição da expressão "eu quero", em diversos versos, tem por objetivo
(A) fazer associações de sentido.
(B) refutar argumentos anteriores.
(C) detalhar sonhos e pretensões.
(D) apresentar explicações novas.
(E) reforçar a expressão dos desejos.

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