domingo, 12 de junho de 2011

A BAIXA AUTO-ESTIMA E SUAS CONSEQÜÊNCIAS


Com a decorrer dos anos, percebemos que a sociedade a qual estamos inseridospassa por profundas modificações, conseqüentemente o ser humano precisa acompanhar
esta evolução através de constante atualização.
Desta maneira, acaba impondo e exigindo às crianças um ritmo acelerado, cheio
de desigualdades sociais e de informações.
Nesta sociedade as crianças deixam de ser crianças, vivem rodeadas de inúmeros
compromissos, havendo grande necessidade de permitir que expressem suas vontades e
estimulem seus desejos.
Com este mundo conturbado, numa sociedade exigente, os filhos acabam
ficando em segundo plano, ficam muito tempo longe dos pais e parentes. Os momentos
de contato com a família dão lugar a solidão.
A criança passa horas em frente a televisão, computador, vídeo game, isolandose
entre quatro paredes o que a leva ficar distante das pessoas e das emoções,
futuramente poderá fazer parte de uma geração mais fria e, com certeza, mais violenta.
“Há cada vez mais provas de que crianças capazes de sentir amor e apoio
dos pais estão mais protegidos contra as ameaças da violência juvenil, o
comportamento anti-social, o vício das drogas a atividade sexual precoce, o
suicídio na adolescência e outras doenças sociais. Estudos revelam que as
crianças que se sentem respeitadas e valorizadas pela família têm melhor
rendimento na escola, mais amigos e uma vida mais saudável e bem sucedida
(GOTTMAN e CLAlRE, 1997, p. 31).
Se o educando não é capaz de posicionar-se diante dos acontecimentos como
sujeito consciente critico e fazer uma leitura de mundo, enquanto educadores estaremos
impedindo de contribuir na construção de uma sociedade mais justa e fraterna.

Precisamos encontrar medidas, repensando o futuro, direcionando os recursos
destinados à educação e às necessidades sociais para evitar a desigualdade e a
constituição da miséria nacional. Há uma grande necessidade de transformação no
sistema educacional para garantirmos e promovemos o desenvolvimento do país.
Quando o aluno possui baixa auto-estima, a aprendizagem torna-se mais difícil,
conseqüentemente ao perceber seu baixo rendimento escolar, tem menos chances de se
recuperar, diante das dificuldades, sente-se fracassado, desestimulado, com vontade de
desistir por não acreditar no seu potencial.
A maneira como nos percebemos e nos sentimos, influencia toda a nossa
vivência, nosso pensar e agir, na escola, no trabalho, no amor, no sexo e na relação com
nossos familiares e amigos, conseqüentemente também na sociedade.
Todo ser humano com auto-estima positiva, sente-se bem, vive de maneira
adequada, auxiliando na construção de uma sociedade melhor, mais produtiva, porém
quando negativa pode provocar no sujeito uma série de conseqüências.
“Além dos problemas biológicos, não consigo pensar em uma única
dificuldade psicológica, da ansiedade e depressão ao medo da intimidade ou
do sucesso, ao abuso de álcool ou drogas, as deficiências na escola ou no
trabalho, ao espancamento de companheiros e filhos, as disfunções sexuais
ou a imaturidade emocional, ao suicídio ou aos crimes violentos, que não
esteja relacionada com uma auto-estima negativa. De todos os julgamentos
que fazemos nenhum é tão importante quanto o que fazemos sobre nós
mesmos”. (BRANDEN, 1999, p. 9)
Educadores com uma boa auto-estima mantem um bom relacionamento com
seus alunos, enquanto que os que têm uma baixa auto-estima, mantem uma relação de
pouco afeto e diálogo. Geralmente são infelizes, impulsivos, são dominadores,
autoritários, dão preferências à críticas destrutivas, com tendência a desaprovar e
castigar com severidade, além de terem poucas aspirações para seus alunos. Enfatizam
mais os pontos fracos do que aos fortes, inspiram medo e atitudes defensivas,
encorajando a dependência.

“Os relacionamentos das pessoas com elevada auto-estima caracterizam-se
por uma dose de benevolência, respeito e dignidade... superior à média.
Homens e mulheres voltados ao crescimento tendem a apoiar as aspirações
de crescimento dos outros. As pessoas que sentem prazer com suas próprias
emoções sentem prazer com as emoções dos outros..falam sinceramente,
apreciam a sinceridade daqueles com quem falam... se sentem bem
dizendo“sim “quando querem dizer “sim” e “não” quando querem dizer
“não” e respeitam o direito dos adultos de fazerem o mesmo. Quando somos
autênticos, não apenas honramos a nós mesmos, oferecemos também um
presente às pessoas com quem lidamos “o (BRANDEN, 1999, p. 112)
A auto-estima impulsiona o ser humano, a buscar novos desafios, correr riscos,
ser criativo, aprender novas habilidades e ser mais produtivo e assertivo, aproveitando
ao máximo o potencial individual de cada um
O potencial de cada um, contribuindo com a melhoria da família e das
organizações e, conseqüentemente, da sociedade. “Pesquisas realizadas com
altos executivos sugerem que uma das causas principais do fracasso é a
incapacidade de tomar decisões. Essa incapacidade se deve a uma autoestima
prejudicada”.(BRANDEN, 1998, p. 93).
As conseqüências da baixa auto-estima na escola são muitas, já que
comprometem o equilíbrio emocional de alunos e professores e interferem no processo
ensino-aprendizagem.
As dificuldades e os problemas que a vida nos reserva surgem tanto em pessoas
com elevada auto-estima, corno nas que têm baixa auto-estima. A diferença está na
intensidade, pois as pessoas que têm urna boa auto-estima não se prendem muito tempo
nos problemas, superando sem grandes transtornos, enquanto que os que tem baixa
Auto-Estima apresentam mais dificuldade de superação.
As conseqüências da baixa auto-estima na sociedade são inúmeras. Quando a
família vai bem, a sociedade também, mas quando a família, menor parcela da
sociedade, é construída sem bases sólidas de auto-estima saudável, com certeza vai
interferir na sociedade, através do medo, drogas e violência.

É papel fundamental da escola, da família e da sociedade, por meio da educação,
proporcionar a melhoria da auto-estima nos alunos, professores e familiares, e juntos
lutar par construir urna sociedade melhor.
Diante de tudo isso, percebemos que a baixa auto-estima pode gerar uma família
desestruturada, que conseqüentemente vai interferir na sociedade, através da ganância e
da corrupção, de forma que se tome mais violenta, degradando cada vez mais o ser
humano.
As pessoas com baixa auto-estima têm mais probabilidades de se tornarem
usuárias de drogas, são pessimistas, criticam outros e a si próprias, não gostam de
receber ajuda, sentem-se muito culpadas e tentam manipular os outros. Enquanto que as
pessoas com, elevado nível de auto-estima são exatamente o contrário, são otimistas,
calmas, evitam solicitar ajuda, mas, quando necessário, aceitam, não culpam a si
mesmas nem aos outros e são flexíveis dentro dos limites da razão.


Uma boa auto-estima é requisito essencial para uma vida tranqüila, feliz, pois
caso contrário, afetará crucialmente todos os aspectos da nossa existência.
Nossas reações aos acontecimentos cotidianos são determinadas pelo que
pensamos que somos. Para que a baixa auto-estima não tome conta de nós, precisamos
nos sentir valorizados e respeitados, em primeiro lugar por nós mesmos. É daí que nasce
a confiança em nossa capacidade de ser e agir diante das outras pessoas e do mundo.
A confiança em nós depende da imagem que fazemos de nós mesmos e está
intimamente ligada à nossa auto-estima. Muitos autores afirmam que a Auto-Estima e o
Auto-conceito influencia no desempenho escolar desde as primeiras séries do ensino
fundamental até a universidade.
O auto-conceito nasce da percepção que o aluno tem das suas habilidades. O fato
de se considerar bom ou ruim pode influenciar o processo Ernsino-Aprendizagem de
forma positiva ou negativa.
Os pais e educadores auxiliam e contribuem no desenvolvimento do autoconceito,
quando possibilitam um ambiente de amor e afeto, diálogo e limite. Também é
importante demonstrar interesse pelas atividades das crianças, respeitando-as como são,
ou seja, suas diferenças individuais.
A autonomia e a auto-estima são atributos da pessoa que acredita na própria
vida, na capacidade de se conduzir, fazer opções e buscar a realização de seus desejos.

A auto-estima do educador precisa ser estimulada principalmente pela direção
para que consiga acompanhar melhor seus alunos. Trabalhar com auto-estima na escola,
além de cumprir com o papel de educador, garante saúde emocional, uma vez que,
quando o professor está bem consigo mesmo, consegue contribuir para o
desenvolvimento da auto-estima dos alunos.
Os professores que têm uma boa auto-estima relacionam-se bem com seus
alunos, enquanto os que têm baixa-estima não conseguem se relacionar afetivamente
com seus alunos.
O ensino exige do docente compromisso existencial, do qual nasce autêntica
solidariedade entre educador e educando.
Na infância, o ambiente escolar também poderá prejudicar a auto-estima da
criança se houver medo do professor, medo de provas e dos colegas.
É preciso desenvolver um sistema de educação que ajude no desenvolvimento
integral do ser humano, que cumpra com sua função de ensinar e transmitir
conhecimento.
A escola busca desenvolver e formar cidadãos autônomos e críticos, construindo
uma sociedade com mais igualdade e justiça, pois acreditamos que através da educação
é que conseguiremos formar cidadãos responsáveis pela construção de sua própria
história.
A auto-estima se resgata com amor, respeito, valorização, autonomia, disciplina
e elogios sinceros, acima de tudo, aprendendo a se dar valor, pois a mesma surge a
partir do momento em que o ser humano confia na sua própria capacidade de pensar,
aprender e compreender.

MARIA BERNADETE MAY SCHMITZ

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