Educar é Semear

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sábado, 18 de junho de 2011

Exemplo de item do descritor D14:
Senhora
(Fragmento)
Aurélia passava agora as noites solitárias.
Raras vezes aparecia Fernando, que arranjava uma desculpa qualquer para
justificar sua ausência. A menina que não pensava em interrogá-lo, também não
contestava esses fúteis inventos. Ao contrário buscava afastar da conversa o tema
desagradável.
Conhecia a moça que Seixas retirava-lhe seu amor; mas a altivez de coração
não lhe consentia queixar-se. Além de que, ela tinha sobre o amor idéias singulares,
talvez inspiradas pela posição especial em que se achara ao fazer-se moça.
Pensava ela que não tinha nenhum direito a ser amada por Seixas; e pois toda
a afeição que lhe tivesse, muita ou pouca, era graça que dele recebia. Quando se
lembrava que esse amor a poupara à degradação de um casamento de
conveniência, nome com que se decora o mercado matrimonial, tinha impulsos de
adorar a Seixas, como seu Deus e redentor.
Parecerá estranha essa paixão veemente, rica de heróica dedicação, que
entretanto assiste calma, quase impassível, ao declínio do afeto com que lhe
retribuía o homem amado, e se deixa abandonar, sem proferir um queixume, nem
fazer um esforço para reter a ventura que foge.
Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica, de cuja investigação nos
abstemos; porque o coração, e ainda mais o da mulher que é toda ela, representa o
caos do mundo moral. Ninguém sabe que maravilhas ou que monstros vão surgir
nesses limbos.
ALENCAR, José de. Capítulo VI. In: __.
Senhora. São Paulo: FTD, 1993. p. 107-8.
O narrador revela uma opinião no trecho
(A)
“Aurélia passava agora as noites solitárias.” (l . 1)
(B)
“...buscava afastar da conversa o tema desagradável.”(l . 4-5)
(C)
“...tinha impulsos de adorar a Seixas, como seu Deus...” (l . 12-13)
(D)
“...e se deixa abandonar, sem proferir um queixume,...” (l. 16)(E)

D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.
As informações implícitas no texto são aquelas que não estão presentes
claramente na base textual, mas podem ser construídas pelo leitor por meio da realização de inferências que as marcas do texto permitem. Alem das informações explicitamente enunciadas, há outras que podem ser pressupostas e, conseqüentemente, inferidas pelo leitor. Por meio deste descritor, pode-se avaliar a habilidade de o aluno reconhecer
uma idéia implícita no texto, seja por meio da identificação de sentimentos que dominam
as ações externas dos personagens, em um nível básico, seja com base na identificação do gênero textual e na transposição do que seja real para o imaginário. É importante que o aluno apreenda o texto como um todo, para dele retirar as informações solicitadas.
Essa habilidade é avaliada por meio de um texto, no qual o aluno deve buscar
informações que vão além do que está explícito, mas que à medida que ele vá atribuindo sentido ao que está enunciado no texto, ele vá deduzindo o que lhe foi solicitado. Ao realizar esse movimento, são estabelecidas de relações entre o texto e o seu contexto pessoal. Por exemplo, solicita-se que o aluno identifique o sentido da ação dos personagens ou o que determinado fato desperte nos personagens, entre outras coisas.

Exemplo de item do descritor D4:
Canguru

Todo mundo sabe (será?) que canguru vem de uma língua nativa australiana e
quer dizer “Eu Não Sei”. Segundo a lenda, o Capitão Cook, explorador da Austrália,
ao ver aquele estranho animal dando saltos de mais de dois metros de altura,
perguntou a um nativo como se chamava o dito. O nativo respondeu guugu
yimidhirr, em língua local, Gan-guruu, “Eu não sei”. Desconfiado que sou dessas
divertidas origens, pesquisei em alguns dicionários etimológicos. Em nenhum
dicionário se fala nisso. Só no Aurélio, nossa pequena Bíblia – numa outra versão.
dicionário se fala nisso. Só no Aurélio, nossa pequena Bíblia – numa outra versão.
Definição precisa encontrei, como quase sempre, em Partridge:
Kangarroo; wallaby As palavras
Portanto quadrúpedes puladores e quadrúpedes saltadores.
Quando comuniquei a descoberta a Paulo Rónai, notável lingüista e grande
amigo de Aurélio Buarque de Holanda, Paulo gostou de saber da origem “real” do
nome canguru. Mas acrescentou: “Que pena. A outra versão é muito mais
bonitinha”. Também acho.
Millôr Fernandes, 26/02/1999, In http://www.gravata.com/millor.
Pode-se inferir do texto que
(A) as descobertas científicas têm de ser comunicadas aos lingüistas.
kanga e walla, significando saltar e pular, são acompanhadas pelos sufixos rôo e by, dois sons aborígines da Austrália, significando quadrúpedes.
(B) os dicionários etimológicos guardam a origem das palavras.
(C) os cangurus são quadrúpedes de dois tipos: puladores e saltadores.
(D) o dicionário Aurélio apresenta tendência religiosa.
(E) os nativos desconheciam o significado de
canguru.
“Esse fenômeno devia ter uma razão psicológica,...” (l . 18)

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