quinta-feira, 7 de junho de 2012

A ESCOLA DE TRISTELÂNDIA



A ESCOLA DE TRISTELÂNDIA
Henry Corrêa de Araújo
Tristelândia era uma cidade triste. O prefeito chamava-se Zé Amargura e passava o dia inteiro vigiando as pessoas para não deixá-las sorrir.
Sua maior amiga, a professora da Escola Pública, chamava-se Maria das Lágrimas. Era a professora certa pra Tristelândia. Sabia de tudo sobre tempestades, enchentes, vendavais, terremotos, furacões, guerras, doenças e fome. Uma catástrofe ambulante.
Lucinha das Dores era sua aluna mais adiantada. Não que fosse inteligente, aplicada. Mas porque nas provas chorava melhor que as colegas.
Tristelândia de tão triste ficava afastada das outras cidades. Ninguém ia lá, ninguém saía dela. Uma única vez um morador de Tristelândia foi até a cidade mais próxima: Felizlândia. Foi a professora Maria das Lágrimas.
Zulmira Alegria, a professora de Felizlândia, havia sofrido um acesso de riso e não conseguiu dar as provas finais para seus alunos, os alunos da Escola da Felicidade. O governador então pediu a Maria das Lágrimas para ir até Felizlândia. Maria foi, deu bomba na turma quase toda e voltou mais triste ainda.
- Um absurdo! - diria mais tarde. – Os alunos da Escola da Felicidade não sabem chorar! - E continuou, chorando:
- Felizlândia é uma cidade que sorri. O prefeito brinca de roda com as crianças. Os passarinhos comem alpiste na mão dos meninos. Os cachorros não brigam com os gatos. Um absurdo!

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