segunda-feira, 25 de março de 2013

CORDEL


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“PERNAMBUCO sem iguá”

Seu leitor preste atenção Na história que vou contar
De um lugar que nesse mundo Num conheci outro iguá
Se você souber de algum Não tendo pudor nenhum Faz favor de me mostrar

É terra de gente boa
Que trabalha pra danar
De uma imaginação que voa
Pra criar e recriar
Tem muita canção que ecoa
Exaltando esse lugar

Vou lhe dar uma boa dica Vê se consegue adivinhar
Tem uma cultura tão rica Que é referência mundiá Diga agora e sem demora Onde fica esse lugar

Já que num adivinhou
Vou dizer o que tem lá
Falando da sua riqueza
Na cultura popular
Tem até uma Veneza
Que a velha mãe natureza Se encarregou de lhe dá


É um lugar bom da peste Quem conhece quer voltar Tem uma velha cirandeira
Que faz todo mundo girar Segurando mão na mão A Lia de Itamaracá

Vamos seguir viagem
Nas ladeiras sem cansar
Tem casas e Casarões
Pra memória aguçar
Lhe falo da linda Olinda
Monumento secular

O seu carnaval é mágico Vale a pena visitar No largo da Pitombeira
Muita boca pra beijar
Tem Alceu lá na varanda
Pra multidão acenar

Tem o Frevo de Capiba
Impossível não dançar
Uma dança acelerada
Que é só ponta e calcanhar
Mas o cabra no outro dia
Num consegue nem andar

O coração bate mais forte Bem longe já escutando O batuque dos tambores
É o Maracatu chegando
Com o Rei e a Rainha
E o estandarte anunciando

O Movimento Armorial
Criado por Suassuna
Guarda na sua memória
Os marcos dessa cultura
A arte e o artesanato
Tudo muito preservado
Para as gerações futuras

Bumba-meu-boi, Caboclinhos
Tão entre grandes fortunas Bem como o Leão-marinho
O Cordel e a Xilogravura
E também o Mamulengo
Lá de São Bento do Una
Por falar em Movimento
Me lembrei de outro cabra
Chico Sciece do Recife
Juntou Rock com Embolada
E criou o Mangue Bit
Pra animar nossa moçada

O mangue que ele cantava Era um mangue diferente Falava sobre o sistema
Que exclui aquela gente Que vive dentro da lama Feito bicho renitente

O povo desse lugar
Tem muita imaginação
Lhe digo agora também
Que aqui surgiu o Baião
Um ritmo inventado
Pelo mestre Gonzagão

Da cidade de Exu
Que fica lá no sertão
Se espalhou pelo Brasil
Essa sua criação
Abrilhantando até hoje
As festas de São João

A vida do sertanejo
Ele soube bem cantar
As alegrias e tristezas
Dessa terra sem iguá
Castigada pela seca
Que faz seu povo emigrar

Tem o rio São Francisco
Com suas águas cristalinas Feito oásis no deserto Vai banhando essa menina
Que sofre por seu amor
Pois o rio os separou
Juazeiro e Petrolina

Em Nova Jeruzalém
Um espetáculo encanta
Tem um teatro ao ar livre Tão grande que até espanta
É lá que a Paixão de Cristo
Uma multidão emociona

Do simples ao erudito
Aqui não se tem besteira
Lembro também Paulo Freire
Educador de primeira
E o imortal recifense
Poeta Manoel Bandeira

Meu amigo agora sabe
Depois de eu tanto contar?
De onde eu estou falando
Num é minha terra natá
Mas lhe tenho muito orgulho
E digo que PERNAMBUCO
É uma terra sem iguá.

 Kahina Freire

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