Educar é Semear

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domingo, 24 de março de 2013

O Padre, o Sacristão e Pedro Malasartes


O Padre, o Sacristão e Pedro Malasartes

Pedro Malazartes estava trabalhando para o padre. O esperto sacerdote assou uma leitoa, mas não queria que o Malazartes provasse do seu banquete. Para isso, afirmou que só comeria daquela carne quem conhecesse tema bíblico. Pôs a leitoa na mesa e disse: -"Assim como Pedro cortou a orelha de Malco, eu corto a orelha desta leitoa", e a orelha da leitora foi para o seu prato. O sacristão se aproximou e disse: - "Assim como a cabeça de João Batista foi cortada e posta em um prato, eu corto a cabeça desta leitoa", e assim foi feito. Pensava o reverendo que Pedro não conhecesse nada dos evangelhos. A essa altura, aproximou-se o Pedro e disse: -"Assim como José de Arimatéia carregou o corpo de Cristo, eu carrego o corpo desta leitoa".

*COMO MALASARTE EVITOU QUE O MUNDO DESABASSE*

Vinha Pedro Malasarte viajando por uma estrada, quando lhe deu vontade de verter água. Encostou-se a um paredão pertencente a uma bonita chácara. E quando estava no melhor, apareceu o dono da chácara, de bota e espora, alumiando raiva nos olhos, armado de uma baita espingarda, a perguntar-lhe quem tinha lhe autorizado fazer aquilo ali.
Malasarte disfarçou e respondeu:
- Ah! Meu senhor, desde manhã que estou aqui encostado, sem comer, nem beber, só por causa dos outros.
- Por causa dos outros? Como, assim, por causa dos outros?
- Estou escorando o mundo.
- Ara sô, você está doido!
- Pois é verdade, seô patrão, vinha eu caminhando com meus pensamentos, no meu quieto, mas, quando cheguei neste lugar, me apareceu a figura de um anjo que veio descendo do céu, envolto em luz muito brilhante, que me disse estas palavras:
- Por ordem do senhor Deus o mundo vai acabar à meia-noite de hoje. Imagine o susto que não levei! Mas o anjo me aquietou:
- Há um remédio para se evitar isso: é encontrar alguém que escore este muro, desde este momento até depois da meia-noite. Se é só isso, não tem problema, respondi ao anjo, vou cortar uma estaca...
- Não, não há tempo. Antes de um minuto o muro deve estar escorado. E me empurrou para aqui onde me acho sem poder arredar o pé, pois, se saio, o mundo vem abaixo.
- Deveras! Então, é melhor você escorar bem esse muro.
- Ah! Se o patrão me fizesse o favor de tomar um bocadinho meu lugar enquanto eu vou ali ao mato cortar uma escora para o muro, tudo estará arranjado, mesmo porque se eu ficar aqui por mais tempo, não vou resistir e o mundo virá abaixo. Ninguém escapará, a morte é certa.
O chacareiro pensou e resolveu tomar o lugar de Pedro que prometeu voltar logo com a escora, e até hoje está sendo esperado.

extraído do site: http://recantodasletras.uol.com.br/contos/1022765

*O JUIZ E A CARTOLA*

A noite já ia alta e Pedro Malasarte, sem nenhum vintém, procurava um bom lugar para dormir, quando aconteceu dele passar frente a casa de um juiz. Bateu a porta e pediu pousada, dando o nome de tal doutor fulano, que estava de passagem por aquelas terras.
O juiz costumava a chegar tarde, pois ficava até a meia-noite jogando /truco/ com seu compadre e amigos. E vai então que o filho do juiz, na sua simplicidade, mandou entrar o hóspede e, depois de Malasarte comer até se fartar, deu-lhe pousada, no quarto onde o juiz costumava se vestir.
Quando o juiz chegou a casa, o filho lhe contou o que ocorrera e o magistrado ficou muito satisfeito com a hospedagem. Nem por sombras podia imaginar o que ia suceder.
Lá pela madrugada, quase amanhecendo, Malasarte começou a sentir umas coisas na barriga... Procurou o vaso e, não o encontrando, abriu a janela... Mas lá fora havia uma cachorrada, que pegou a latir e foi um barulho de latidos do inferno.
Malasarte estava suando frio. Mas, nisto, avistou na prateleira uma caixa. Abriu; dentro havia uma cartola de feltro. Estava salvo! Tirou a cartola e, fez nela... Bem, vocês já sabem. Depois pôs outra vez, com muito cuidado, a cartola na caixa e, esta, no lugar onde estava.
Nesse tempo, a manhã já rompia e Malasarte quando ouviu o tropel dos criados na casa, tratou de cair fora. Quando vieram chamá-lo para o café, não o encontraram mais.
Na hora do almoço, o Juiz saiu do quarto e foi para o cômodo em que costumava se vestir. Era dia júri. Vestiu a sobrecasaca, e, distraído, tirou da caixa a cartola e num só golpe a enterrou na cabeça. Não deu outra coisa, o Juiz ficou com a cara... digamos, enlameada. Além disso, sentiu um cheiro que quase o sufocou. Começou então a gritar. A família veio em seu socorro, achando que alguma desgraça tinha acontecido.
Ao vê-lo naquele estado, o filho foi buscar um balde de água, a filha sabonete de cheiro e a mulher um frasco de perfume. O Juiz bufava de raiva. Mas Pedro Malasarte já estava longe.

extraído do site: http://recantodasletras.uol.com.br/contos/1064965

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