terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Textos

À BEIRA DA EXTINÇÃO

Na lagoa da Boinha, onde aves e bichinhos vão banhar-se; ela e cercada de muitas flores e árvores.
Num domingo de verão estava tomando banho cinco patinhos, dois marrecos d’agua, (bastante
difícil de encontrar), dois sapinhos e uma águia que voava, cortando o lindo espaço da lagoa.

O sol muito quente e um calor escaldante!Nesse momento aproxima um mico, que preferiu ficar á sombra de uma grande jaqueira, notava-se que ele estava com medo da água.

De vez em quando vários peixinhos pulavam, mostravam rara beleza pelo reflexo do sol que batia no cardume, muitos peixinhos chegavam pular, quase meio metro, fazendo barulho quando caiam na água.

Chegou também o papagaio, e já fazendo barulho:

- Olá, Olá, quem vai, em mim, votar, quero ser deputado, eu preciso ter poder.

O macaquinho fez sinal para bicharada: - eu não voto nele, apesar de ter as cores do nosso Brasil, não confio nesse papagaio e ele gosta de aparecer.

Os sapinhos também pularam, afirmando não votarem:

- Quá! quá! quá! arranje outra função, que não precisa de votos, replicaram os patinhos.

O papagaio bateu as asas, cantou uma música de Igreja, arregalou os olhos redondos e gritou:

- Há!  Já, sei, quero ser Deus!

A águia que voava bem baixinho ouviu as bobagens do papagaio e pousou bem próximo a ele,  os sapinhos, os patinhos, o macaquinho juntos com aquele mar de peixinhos, deram uma risada e em coro entoaram:

- Deus só existe um!

Alguns meses depois, um marreco d’agua ficou doente, teve uma gripe causando forte infecção respiratória, mas mesmo assim  não era o único marreco com remota chances de sobrevivência, a pouca água da lagoa colocou essas avezinhas na lista das espécies ameaçadas, além disso, essa ave estava desaparecendo, pois era levada para ser vendida na feira livre por caçadores equipados com arapucas, assim sendo estava ameaçada para sobrevivência.

A vida, dos animaizinhos que frequentam a lagoa parece tranquila, mesmo assim, eles ficam com antena ligada nos caçadores.

Existe mais vida na lagoa em época de chuvas, pois recebe menos visita do bicho homem.
Certa ocasião, ficou dez meses sem chover, coitado do marreco d’agua! quase ficou à beira da extinção.

Alci Santos Vivas Amado


A ARANHA E AS UVAS.  

A aranha estava à procura de um local para morar, mas desejava que esse lugar também lhe oferecesse alimentação farta. Por isso ela procurou aqui e ali, prestando atenção principalmente nas áreas onde moscas e insetos se movimentavam em maior quantidade, até notar que isso acontecia em uma parreira de uvas, em torno dos cachos maduros. Nessa hora ela disse para si mesma:

- Já sei o que vou fazer.

Então a aranha subiu ao alto da parreira, procurou um cacho grande e bonito, e se instalou da melhor forma que pode entre as uvas, à espera de que as moscas e os mosquitos se aproximassem delas em busca de alimento, para então poder pegá-los. E assim ficou fazendo com sucesso por algum tempo, pois nenhuma das presas que caçava poderia ter suspeitado que uma predadora gulosa estava ali, aguardando a melhor oportunidade para conseguir o que queria.

Mas como tudo nessa vida tem começo, meio e fim, a época da colheita chegou, os cachos de uvas foram apanhados pelo fazendeiro, levados para a vinicultura, jogados dentro de um tacho e espremidos até a última gota. Entre eles o que escondia a aranha, que dessa forma acabou morrendo dentro da armadilha preparada por ela para capturar os insetos que lhe serviam de alimento.

Moral da história: O feitiço quase sempre vira contra o feiticeiro.

Baseado em uma fábula de Leonardo da Vinci
FERNANDO KITZINGER DANNEMANN


A CEGONHA E A RAPOSA
Como a cegonha e a raposa mantinham um relacionamento amigável, esta resolveu convidar aquela para jantar. Por isso, no dia combinado a raposa preparou uma receita que era um verdadeiro manjar, só que em forma de papa, e a serviu à sua convidada em uma vasilha rasa. E enquanto lambia gostosamente a refeição que havia preparado com tanto capricho, ela insistia com a cegonha para que também se servisse à vontade, afirmando que a comida estava uma delícia. Mas a ave, coitada, por mais que tentasse não conseguia nenhum resultado porque a ponta do seu bico batia no fundo da travessa toda vez que ela tentava engolir alguma coisa, e a situação continuou desse jeito até que a convidada acabou desistindo de comer e retornou faminta para sua casa.

Tempos depois foi a vez da cegonha receber a raposa para jantar em sua casa, oferecendo-lhe apetitosos petiscos arrumados em um frasco transparente e de boca bem estreita, onde a dona da casa enfiava o bico e prazerosamente os ia buscando um a um. A pobre raposa, porém, bem que se esforçou para comer, mas como sua mão não conseguia penetrar no frasco, a ela só restou pegar o caminho de retorno à sua toca, lamentando consigo mesmo a fome sem tamanho que sentia.

Moral da história : Amor com amor se paga.

Baseado em fábula de Esopo.



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